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Irã se esforça para elevar as vendas de petroquímicos à medida que as sanções prejudicam o petróleo

O Irã tem buscado aumentar as exportações de produtos petroquímicos e diversificar os mercados em que atua para compensar as vendas de petróleo, disseram fontes iranianas e internacionais, mas agora corre o risco de perder essa receita crucial, uma vez que Washington endurece as sanções.

Teerã tem vendido volumes crescentes de produtos petroquímicos abaixo do mercado em países como Brasil, China e Índia, desde que os EUA reimplementaram as exportações de petróleo iranianas em novembro do ano passado, de acordo com seis fontes que incluem dois altos funcionários do governo iraniano.

As sanções impostas em novembro do ano passado também se aplicavam a derivados do petróleo; contudo, havia certo grau de ambiguidade, o que permitiu que o Irã continuasse a vender produtos como ureia, amônia e metanol.

Nas últimas semanas, o Irã tem enviado cargas de teste para o Brasil, um novo mercado para as exportações petroquímicas iranianas, disseram duas fontes de comércio internacional separadas.

Carlos Millnetz, diretor da empresa química Eleva Química Ltda, com sede no sul do estado de Santa Catarina, disse à Reuters que importava ureia do Irã.

“O Irã queria diversificar os destinos, eles estavam procurando por um parceiro brasileiro e achamos que era uma boa oportunidade”, disse ele.

Millnetz disse que a empresa havia consultado o governo brasileiro antes de iniciar o negócio e estabeleceu que não havia restrições.

“O que eles me disseram foi que as sanções dos EUA se aplicavam a produtos de petróleo, petróleo bruto e combustíveis, etc. Subprodutos de amônia, como a ureia, não estão inclusos, portanto, podem ser comercializados”, acrescentou. “Eu possuo toda a documentação, todas as autorizações do governo, eu nunca faria algo que tivesse alguma restrição.”

Dois navios iranianos, Bavand e Termeh, fizeram entregas ao porto de Imbituba, no sul do Brasil, entre março e abril com destino à Eleva Química, segundo dados de rastreamento de navios divulgados publicamente.

Pelo menos 230 mil toneladas de ureia já haviam sido reservadas para o Brasil nas últimas semanas, incluindo os dois embarques para a Eleva Química, disseram as fontes do comércio.

Dados de rastreamento mostraram que pelo menos 10 navios que transportam produtos petroquímicos fizeram ao menos duas viagens do Irã em novembro, enquanto em outubro, quatro embarcações fizeram uma viagem. No entanto, os dados podem não mostrar a situação como um todo, uma vez que os navios podem desligar seus transponders de rastreamento.

O Irã tem oferecido descontos na região de US$ 40 por tonelada mais baratos do que as taxas de mercado de US$ 260 a US$ 280 a tonelada, economizando milhões de dólares em moeda equivalente, acrescentaram as fontes.

Dados de rastreamento de navios mostraram que cerca de 10 cargas de metanol foram enviadas do Irã para a China desde o início do ano. Não ficou claro quem comprou essas cargas.

Houve separadamente várias remessas para a Índia este ano para compradores desconhecidos. Um navio fez cerca de seis viagens para a Índia a partir do Irã e transportou cargas de amônia, de acordo com dados de rastreamento de navios e fontes com conhecimento do assunto.

O país de origem dos produtos petroquímicos é muito mais fácil de ocultar do que o das classes de petróleo.

Reuter 12/06/2019

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