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Crise econômica na Europa pode afetar a oferta de crédito no Brasil

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, demonstrou preocupação com os reflexos na economia brasileira da crise econômica que atinge a Europa, principalmente quanto ao risco de diminuição da oferta de crédito para financiar a próxima safra. “O maior risco para o setor agropecuário é a escassez de crédito, pois a safra brasileira depende de financiamentos das tradings e de bancos com sede na Europa”, afirmou a presidente da CNA, ao divulgar, em entrevista coletiva, o balanço de 2011 e as perspectivas para 2012 do setor agropecuário brasileiro, na sede da entidade, em Brasília. Outra preocupação exposta pela senadora Kátia Abreu foi com a desaceleração da economia da China, país destino de 19% das exportações brasileiras. “Torcemos por um crescimento de 7% a 8% no ano que vem, pois neste ritmo as exportações do agronegócio para a China não seriam afetados”, afirmou a presidente da CNA.
Embora o cenário traçado para 2012 seja de incerteza, para a senadora Kátia Abreu, a safra brasileira de grãos pode chegar a 170 milhões de toneladas, sete milhões de toneladas a mais do que na safra 2010/2011. O bom resultado deve ser alcançado graças ao uso intensivo de tecnologia e ao aumento de 3% da área plantada. Este ano, o uso de fertilizantes atingirá a marca histórica de 27,5 milhões de toneladas, valor 8% superior ao registrado na safra passada.
As oscilações dos preços dos fertilizantes não devem afetar a rentabilidade, uma vez que a maior parte dos produtores antecipou a aquisição desse insumo para o mês de julho, período em que o preço geralmente é mais baixo. No entanto, a incidência do fenômeno meteorológico La Niña, que provoca alterações climáticas prejudiciais às lavouras, poderá comprometer o bom desempenho da agricultura. “Ser a região centro-sul do País for afetada pelo La Niña, aí sim, pode haver uma quebra da safra”, explicou a senadora Kátia Abreu.
Diante desse cenário, a CNA estima que as exportações do agronegócio somarão US$ 92,9 bilhões, em 2012, com crescimento de 2,22% em relação ao resultado de US$ 90,3 bilhões, de 2011. Para o próximo ano, o saldo da balança comercial está estimado em US$ 82,4 bilhões, o que representa um aumento de 11,05% em relação ao montante de US$ 74,2 bilhões obtido em 2011. “Embora o clima possa limitar o potencial de produtividade das lavouras brasileiras, os estoques mundiais ainda estão justos”, afirma a presidente da CNA. Em relação ao mercado interno, a senadora Kátia Abreu aponta para o potencial de consumo no mercado doméstico, que compra 70% do volume de grãos e carne produzido no País. “O Governo Federal deverá manter a economia aquecida, minimizando os impactos da crise no setor”, disse.
Com base nesses indicadores, a previsão da CNA é que o faturamento bruto da agropecuária alcançará R$ 318,4 bilhões, em 2012, com crescimento de 7,98% em comparação a 2011. A estimativa para o próximo ano considera o desempenho esperado da pecuária, marcado pela sustentação dos preços e aumento da produção, cujo faturamento bruto pode chegar a R$ 122,1 bilhões no próximo ano. Os produtos agrícolas também devem acrescentar aumento do faturamento, podendo chegar a R$ 196,4 bilhões, com aumento de 7,7%.

CNA , 13/12/2011

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